A convenção social mais curiosa desta grande época em que vivemos é a de que as opiniões religiosas devem ser respeitadas. Os efeitos maléficos desta convenção devem ser evidentes para todos, mas os dois maiores são:
a) jogar um véu de santidade sobre ideais que violam qualquer decência intelectual;
a) jogar um véu de santidade sobre ideais que violam qualquer decência intelectual;
b) tornar todo teólogo um libertino com imunidades. O resultado disto é a espantosa lerdeza com que as ideais realmente sólidas circulam pelo mundo. No minuto em que uma dessas ideias põe a cabeça para fora, é inevitável que algum teólogo analfabeto cairá sobre ela, tentando destruí-la. A maneira mais eficiente de defendê-la, naturalmente, seria cair sobre o teólogo com uma clava, porque a única defesa que funciona, na polêmica ou na guerra, é uma ofensiva vigorosa. Mas isto seria considerado falta de modos pelas convenções, e assim os teólogos continuam alegremente o seu assalto à inteligência sem muita resistência, retardando desagradavelmente o conhecimento.
Não há, na realidade, nada sobre opiniões religiosas que as autoriza a mais respeito que quaisquer outras opiniões. Ao contrário, elas tendem a ser ostensivamente cretinas. Não, não há nada ostensivamente digno a respeito de ideias religiosas. Só conduzem a uma espécie curiosamente pueril e tediosa de asnices. Na melhor das hipóteses, são compiladas dos metafísicos, ou seja, de homens que devotam suas vidas a provar que duas vezes dois não são sempre ou necessariamente quatro. Na pior das hipóteses, cheira a espiritualismo ou a cartomancia. Nem há qualquer virtude visível nos homens que as comercializam profissionalmente. Poucos teólogos sabem alguma coisa que valha a pena, mesmo sobre teologia, e poucos deles são honestos.
Ele (o teólogo) dissemina a sua cantilena, não inocentemente como um filósofo, mas maliciosamente como um político. No mundo em que vivemos temos de ouvir o que ele diz, não apenas educada e reverentemente, mas babando de boca aberta.
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