"A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios!"
(Augusto dos Anjos)
Como já dizia Mann: "Do homem, eu esperava a virtude ou a horrenda perversidade; da vida, ou a beleza mais arrebatadora ou o mais completo horror; e estava cheio de avidez por tudo isso e de uma saudade profunda, atormentada, por uma realidade mais ampla, por uma experiência não importa de que gênero, fosse uma ventura gloriosa e intoxicante ou uma angústia indizível."
É isto o que eu quero. Porém, a falta de anos, aquela vivência gloriosa dos mais velhos... Eu não possuo. Talvez seja apenas uma precipitação incerta de quem apenas começou a viver, no entanto, é devastador ser capaz de formular apenas perguntas.
"A única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais...."
Quem sou?
Bem, isso já é demais...."
(Clarice Lispector)
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodado. A vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole. (Lya luft)
Sou como o insano caos de uma vida putrefata e mortal.